Mesmo o mercado se mostrando otimista com uma geração mais consciente em relação ao consumo, me pergunto se essa é uma realidade ou uma utopia em que estamos nos apegando para, muitas vezes, colocar uma luzinha no fim do túnel?
Ainda que se fale muito sobre sustentabilidade, consumo consciente, moda consciente etc, podemos observar a moda rápida, as tendências que surgem nas redes sociais ganhando cada vez mais força.
Há meses a marca chinesa Shein viralizou na internet por seus preços baixos e os famosos vídeos de "comprinhas" na marca, muitos com parte 1, 2,3… o engraçado é que em várioss dos vídeos eu já vi a pessoa comentando algo do tipo "eu nem sei para que eu comprei isso/eu nem precisava disso, mas eu comprei porque estava barato" com ar de graça.
(caso você não faça ideia do que eu esteja falando, é só digitar #comprinhasshein no tiktok ou instagram)
Agora, chegando no Brasil, diversas marcas estão propondo novas coleções em curtos períodos de tempo para abraçarem novas tendências e sempre dispor um catálogo de produtos renovados aos seus clientes. Entretanto, no início do mês a C&A divulgou que iria desenvolver novas coleções em apenas 24 horas, para abraçar as tendências do momento. A princípio, as coleções serão vendidas apenas no e-commerce da marca e cada produto estará disponível em poucas unidades.
Modelos como esse alimentam a ideia de que roupa se tornou um bem descartável. Essa mentalidade, além de desvalorizar a cadeia produtiva da moda (como costureir@s, estilistas etc) também gera extremo impacto para o meio ambiente, visto que estamos sobrecarregando nosso planeta.
Quem me conhece sabe que eu não vejo problema algum no consumo de tendências, desde que ele seja feito com consciência (que, como podemos ver, não é o caso). Desde sempre a moda é moldada por cenários sociais e políticos de cada época, porém, mesmo com as "tendências" mudando com o tempo, conseguimos ver um padrão marcado em anos. Desde o surgimento das redes sociais, como o Instagram em 2010, esse padrão vem mudando cada vez mais rápido, sendo impossível de acompanhar mantendo uma alta qualidade de produtos ($$) e respeitando o processo produtivo da roupa.
Consumir o fast fashion não é o problema – principalmente se essa for a opção maia acessível para você. Usar a tendência não é o problema – desde que você entenda se aquilo faz sentido para você e para seu estilo. O problema mora na mentalidade do uso e descarte rápido, e isso, infelizmente, não está limitado apenas ao fast fashion.
A questão aqui é: precisamos de tanta velocidade? Ou melhor, somos capazes de acompanhar a "nova" velocidade da moda?
E até quando a mudança dessa mentalidade de consumo vai ser deixada para "as próximas gerações"? Repensar nossos hábitos de consumo e comprar de acordo com os nossos valores, naquilo que acreditamos deve começar hoje!
As vezes tenho a impressão que não sei bem estabelecer qual meu estilo próprio ou que a maioria das coisas das lojas não me agradam mais tanto quando antes. Acredito que justamente para aqueles que não seguem a “moda” a risca, acaba ficando perdido em tantas tendências que surgem de forma tão rápida.
Incrível, Rafa! 👏🤍